Memórias de uma escritora medieval

Memórias de uma escritora medieval Lu Leite


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Memórias de uma escritora medieval





09/09/1404 – Assinatura do Contrato para a Produção de Mais um Livro

– Senhora Christine, por favor, assine aqui, onde consta a data, “aos 28 de agosto do ano de 1404. Lido e aprovado”.
Nesse dia, assinei o contrato para escrever mais um livro, como testemunha estava presente meu bom amigo monsieur Beautemps. Por esse motivo, eu passei a ter uma encomenda, o que representa dinheiro para me sustentar e também, reconhecimento a meu trabalho de escritora, afinal, penso que todo escritor almeja por isso. Não tanto pelo dinheiro, sim é desejável, paga o pão etc., mas porque pessoas leem e compartilham, se encontram no mundo do escritor. Compartilhar, pensamentos, ideias, sentimentos, isso torna as pessoas mais próximas, mais afetuosas e, penso que no fim todos queremos ser amados. Ter nossos sentimentos entendidos, compartilhados e aceitos.
O dia estava quente, ao caminhar até o escritório do notário, senti um turbilhão de sensações; o vento, uma brisa leve e quente, na medida certa, nem mais nem menos, aquecia e acariciava. Era como se me dissesse: “Calma! Tudo vai ficar bem!” Sempre gostei de ouvir o vento e fica ainda melhor se vem acompanhado de um leve calor. Além disso, sentia meu coração acelerado, estava inquieta com essa encomenda, sempre sinto um frio no estômago antes de começar uma obra. Minha sorte, foi que, durante o percurso, eu me distraí com os gritos da cidade. Paris é uma cidade cheia de surpresas, pela manhã sempre tem vendedores com suas mercadorias a gritar: “Pães, pães do dia! Peras, peras colhidas hoje, doces e maduras! Verduras, verduras tiradas hoje da horta!” E assim por diante, era uma verdadeira balbúrdia, imagino que eles devem brigar e gritar pela atenção de quem passa e dos moradores que saem às janelas para ver essa festa colorida, cheirosa e barulhenta.
Lá estava eu com mais uma encomenda, um novo livro para escrever e ainda não sabia muito bem sobre o quê. Naquela manhã clara de verão, o céu estava de um azul lindo, me parecia, ainda mais iluminado. Eu e Beautemps nos encontramos às 10h00 no escritório do notário, Jean Pierre Legrand, um representante do duque de Bourgogne, Jean sans Peur. O duque queria que fosse escrito um livro dedicado à educação de sua filha Marguerite, a essa altura, duquesa de Guyenne. Beautemps havia me indicado para a tarefa: – Você é a pessoa certa, minha cara Christine, não há outra.

Assim começa o livro que narra as dificuldades e aventuras de uma autora do fim da Idade Média. Como e o que ela pesquisou, escreveu e publicou, sendo mulher e sozinha. No texto transparece sua força em desenvolver um manual de educação voltado para mulheres, ricas e pobres, sempre com uma perspectiva feminista. E, como pano de fundo colorido, um relacionamento amoroso e proibido. O romance é uma ficção com base em fatos reais da vida da primeira escritora francesa, Christine de Pizan.

Biografia, Autobiografia, Memórias / História Geral / Não-ficção

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