Meninas Inventadas

A entrada na adolescência é um momento de separação. É preciso crescer e tornar-se adulto, escolher uma profissão, trabalhar, ter sucesso, mas o desejo de ir em frente e o medo do desconhecido se misturam. Além disso, a postura do adolescente deve refletir as expectativas de sua tribo, e aí começam os conflitos que Ana Letícia Leal aborda com muita familiaridade nos onze contos que compõem essa antologia. Suas 'meninas inventadas' são bastante reais, pois vivenciam as angústias típicas de qualquer adolescente urbana, como a baixa auto-estima motivada pelo padrão de beleza imposto pelas revistas de moda e suas modelos esquálidas, temática abordada com maestria em 'Eu quero emagrecer'. Em 'Nem preta nem branca', a protagonista lamenta a sua cor parda, revelando o racismo contra ela mesma. Já em 'Eu quero ser famosa', o desejo de estar na telinha fala mais alto. As personagens dos contos são estudantes que se conhecem e aparecem umas nas histórias das outras. A amizade, os conflitos familiares, as escolhas para o futuro, os namoros, os 'rolos', as 'ficadas', a descoberta do sexo etc. são abordados pela autora de forma tocante e bem-humorada. Mães e filhas vão gostar de ler - umas para recordar, outras para espelhar, ambas para entender que a dor de crescer quando começa não acaba mais. Meninos também vão gostar de ler, porque são presenças marcantes nas histórias.