Serão os sábios ocidentais capazes de, para além da enorme quantidade de informação armazenada, para além da enorme estruturação da linguagem usada, para além da enorme criatividade científica... descobrir a pequena serenidade, a pequena calma, o lúcido olhar, a conversa local?
Estas atitudes codificam também muito do que diferencia a filosofia ocidental da oriental. Os metadiálogos de Gregory Bateson representam já a união entre estes dois pontos de vista fundamentais.
Dos sete metadiálogos, o primeiro, «Porque é que as coisas se desarrumam?» é a mais brilhante e terna explicação do conceito da entropia. O segundo, «Porque é que os Franceses mexem muito os braços?», é a mais brilhante e terna explicação do estatuto da comunicação não verbal.
Do terceiro, «Acerca de jogos e de ser sério», o verdadeiro diálogo entre macho e fêmea, nada mais se pode dizer que não seja esta fantástica verdade: o «incesto» cognitivo é a semelhança dos genes. No quarto começámos a perceber o que explanar um conteúdo tão denso aqui como «cibernética», «cognição» e o resto que adiante se verá. No quinto, «Porque é que as coisas têm contornos?», voltamos a um verdadeiro metadiálogo, de macho e fêmea, de pai e filha: o sinal do sexo e o sinal da hierarquia, com o sinal da humildade. O sexto metadiálogo, «E porquê um cisne?», atinge os mais altos níveis de estética e da indagação sobre um «assunto problemático».
O sétimo, «O que é um instinto?», é universitário.
Carlos Henriques de Jesus
Educação / Filosofia