Em MEU CHEFE É UM SENHOR DE ESCRAVOS, a autora montou um detalhado painel referente ao mundo do trabalho na Grécia e na Roma de dois milênios atrás. A idéia foi inventariar a ampla gama de ofícios existentes na Antiguidade. Muitos se perpetuaram ao longo dos séculos, como as profissões de arquiteto, apicultor, médico. Outros tantos se fixaram no imaginário coletivo como o gladiador e o legionário. Alguns desapareceram com o tempo, como o coletor de esterco; outros evoluíram e se sofisticaram, como o nomenclator romano, espécie de tataravô do que conhecemos hoje como assessor parlamentar. E há aqueles, ainda, que se destacam pelo aspecto inusitado da atividade aos olhos de hoje: caso do animador de funerais (contratado para parodiar o morto, entretendo os convidados do enterro) e do organizador de orgias (paradoxalmente, a ordem era vital para garantir a farra etílico-erótica). O texto chama a atenção pela riqueza descritiva do cotidiano dos antigos. São tantas e tão bem contadas informações que o leitor se sente imediatamente transportado para o passado, como que testemunhando um desfile de rostos anônimos no pleno exercício de seus ofícios.