Aqui se reúnem os contos em que Lygia Fagundes Telles libera as formas mais definitivas de sua força dramática:
é quando no seu texto se tem a intromissão do sobrenatural na ordem secular das coisas. Dá-se em Mistérios a
expansão de fantasias secretas, diurnas e noturnas, de vida e de morte, realizando obras de dupla elaboração:
o efeito cênico obtido com a paciência e o cálculo de um enxadrista, como os andaimes de um conto policial,
emaranhado na rotação do insólito, do maravilhoso ou das propriedades mágicas de ivestigação do cosmo.
A escrita de LFT assemelha-se a um transe, tamanha a força de mistério envolvendo a lógica do real. Tendência
natural desta artista que habita o fantástico desde os idos de 1949. Ela aqui explora, do leitor, a vocação do
abismo, no acercamento do núcleo temático.
Fábio Lucas (contracapa)