Moeda e crise econômica global

Moeda e crise econômica global Luiz Afonso Simoens da Silva


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Moeda e crise econômica global





Como podem os países em desenvolvimento acelerar o crescimento econômico se estiverem sujeitos a altas taxas de juros e de câmbio? Por que é tão difícil fazer com que esses tópicos se convertam em medidas práticas na agenda dos foros multilaterais, como G-20 e FMI? Como o Brasil vem lidando com tais questões?

Este livro discute o assunto em profundidade para erigir uma sólida crítica ao discurso das nações desenvolvidas, defensoras de taxas flutuantes de juros e câmbio e de liberdade plena para os fluxos internacionais de capital. O autor examina eventos como o colapso de 1929, o Acordo de Bretton Woods, a crise da dívida dos países em desenvolvimento e a crise corrente, deflagrada em 2007 nos Estados Unidos, para concluir que os anos dourados do capitalismo industrial, vivenciados desde o fim da Segunda Guerra Mundial até o começo dos anos 1970, se deram em ambiente fortemente regulado. A Lei Glass-Steagall, de 1933, e o Acordo de Bretton Woods, de 1944,subordinaram o capital financeiro à esfera produtiva, impondo taxas de juros fixas, taxas de câmbio administradas e controle dos fluxos de capital de curto prazo.

As crises das últimas décadas, por outro lado, devem-se à desordem econômica provocada pela falta de regulação dos mercados. O contexto que resultaria na crise atual, de acordo com o estudo, começou a ser delineado em 1973 quando se iniciou um período de transição, marcado pela recuperação das economias alemã e japonesa e também pelos desequilíbrios orçamentários dos Estados Unidos, decorrentes da Guerra do Vietnã e dos dois choques do petróleo. Fragilizada, a superpotência abriu caminho para um novo período de desregulação, no início dos anos oitenta, levando ao poder o neoliberal Ronald Reagan, dois anos após a ascensão de Margaret Thatcher no Reino Unido. A desenfreada especulação financeira que se seguiu redundaria na crise financeira corrente.

Assim, pontua o autor, enquanto o cataclismo de 1929 foi contido por meio de potente regulação, nos Estados Unidos a crise atual entra em seu oitavo ano sujeita às restrições insatisfatórias da Lei Dodd-Frank de 2010: “O presidente Barack Obama preferiu inundar o mundo com dólares, esperar que a tempestade passasse com o tempo e optou por voltar-se às discussões internas ligadas à obrigatoriedade dos planos de saúde, para desespero de muita gente, particularmente na Europa”.

Satisfeitos com esses encaminhamentos, analistas do mercado começaram a enfatizar que a normalidade estava à vista. Para o autor, porém, a enorme insatisfação mundial demonstrada em manifestações de massa em todos os continentes expressa a percepção de que o preço do ajuste recaiu sobre as camadas mais débeis das populações e que o colapso pode se repetir: “O sentimento não é gratuito, porque as democracias representativas não mostraram força ou empenho suficientes para se impor à avassaladora vitória do capital financeiro”.

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