Mortas Paisagens

Mortas Paisagens Milton Oliveira


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Mortas Paisagens





Céu azul, limpo, com nuvens dispersas pelo vazio. Abaixo, dois urubus, silentes e preguiçosos, volitam. Sobre o mandacaru, o sabiá gorjeia triste.
Caminha pela roça. As formigas e as lagartas dão conta do feijão e do milho. Talvez a mandioca se salve... Mas não há no tempo o menor sinal de chuva. Vem um gosto ruim à boca. Tem vontade de chorar...
O carreiro se despede. Cara-de-Onça fica parado, em pé, olhando o carro chorar nos cocões. Sem que possa impedir, a melancolia avoluma-se no peito. Seus olhos passeiam pelas mortas paisagens: campos que foram verdes; o gado pastava, gordo, comprado barato; havia inverno, muito milho verde, o cabelo de fogo tremulando no ar como uma bandeira de fartura; feijão nas vagens, melancias ocultas nas folhas de feijoeiro; melões maduros; água nas cacimbas; a horta repleta de verduras. Era feliz e não sabia.

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Fabi
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21/03/2011 21:03:15

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