Mulherespérolas

Por muito tempo pensei que um desenho ou uma fotografia que aparecia nas capas de livros tinham citados os nomes dos autores somente porque era previsto em Direito ou por mera vaidade de quem produziu. Hoje, entretanto, envolvido diretamente na edição de um livro e na produção da capa, trabalhei de ostra e ajudei a fabricar duas belas pérolas que vão dar, o que acredito ser, uma bonita visão aos meus leitores. (O plural aqui é por conta de um otimismo que há muito andava esquecido.)

Aí compreendi o quanto tem de arte em um, aparentemente, tão insignificante projeto.
Vi também o quanto a arte pode ser interpretativa e, dessa forma, ser bem ou mal compreendida. Assim o que para mim parece extremamente belo pode ser banal ou até feio para outrem e vice-versa. Várias pessoas, que considero bastante, disseram gostar mais da capa provisória, e esta para mim diz muito pouco. Para o livro então, chega perto de zero.

Especificamente na minha capa uma das pérolas é uma poetisa, e como estes seres normalmente parecem alienados, ela não foge à regra e dá as costas ao mundo. Na minha visão ela dá o seu não às coisas más que o homem produz e refugia-se no que é belo - a sua produção narcisista - embora o artista traga do berço este vício. A outra pérola, uma guerreira, enfrenta o mundo e suas maldades, algumas vezes por opção e na maioria delas por obrigação. Com suas formas agressivas parece nos afrontar, mas na verdade esta armadura é sua defesa da prole. É mãe do mundo, e igual a todas as mães quer o melhor para o filho, trabalha e batalha por isso.
Em ambas temos o que tentei mostrar na parte poética do livro: ESSÊNCIA DE MULHER.

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