Murilo Rubião: A Poética do Uroboro (Ensaios #74)

O Fantástico como Máscara

'Murilo Rubião: a poética do uroboro' é a primeira tentativa de análise da obra do autor mineiro, em sua totalidade.
Paralelamente a um Borges e a um Cortázar, ele surge na década de quarenta para explorar o gênero da narrativa fantástica, à qual permanece fiel durante todas as etapas de sua produção literária.

Jorge Schwartz desvenda nos contos uma narrativa fundada nas epígrafes que ilustram cada um dos textos. Elas constituem fragmentos bíblicos que condensam, de modo sintético e metafórico, os significados profundos da obra.

Assim como a narrativa, o herói dos contos murilianos refaz o percurso do uroboro, serpente mítica que morde sua própria cauda: um trajeto circular e kafkiano, onde são reconstituídas as questões vitais da existência. Seja como questionamento ou como denúncia, a linguagem do fantástico não se limita no texto de Murilo Rubião a uma experiência lúdica de leitura. Ela serve, para o autor, de metáfora mascaradora de outros textos — o cristão, o social e o existencialista — sobre os quais repousa a obra.

Ensaios / Literatura Brasileira