Não se deseperar, ir em busca do bem-viver, acolher instantes deliberados de paz interior. Sentir essa prazeroza sensação mental - ainda provisória - na qual há uma aparente suspensão do fluir do tempo, permitindo um distanciamento das aflições cotidianas e uma recusa momentânea às perturbações que o existir nos oferta.
Piegas? Não, romântico, impregnado de poesia e aspiração vivificante, enfadado com as obviedades pretensamente consoladoras (e efetivamente conformantes), tais como: 'a vida é assim...' ou 'o que é que a gente pode fazer?'
É por isso que a sagacidade hebraica presente no Talmude foi certeira ao afirmar que "há três tipos de pessoas cuja vida não merece esse nome: as de coração mole, as de coração duro e as de coração pesado".
Coração mole a ponto de adiar a premência dos cuidados com a vida; coração duro a ponto de negar com arrogância que os cuidados sejam iminentes; coraçãok pesado a ponto de urdir lamentações evasivas, deixando de usufruir o valor de que cuidados com a vida não são um encargo, mas, isto sim, um patrimônio.
Afinal, a humanidade acumulou conhecimentos e experiências ao longo de milênios, que a ciência, a filosofia, a arte e a religião expressam em forma de orientações para o nosso viver diário e de respostas às indagações centrais de nossa existência. Essas fontes nos sugerem como atitude sábia a recomendação: 'não se desespere!'
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