Quando um bom jornalista tem a oportunidade de confrontar um político, não há espaço para meias-palavras. E é com objetividade e franqueza que Ricardo Giuliani Neto – cidadão ligado ao PT por 30 anos, mas que sempre transitou por todos os segmentos da política – joga luz e reflexões sobre uma época e sobre quadrantes pouco visitados da vida pública. Provocado pelo jornalista Gustavo Machado (que por sua vez testemunhou o mesmo período sob outro ponto de vista), ele revela os bastidores de um período marcado por embates sectarizados, e que culminou em descrença quase generalizada na classe política.
Com a autoridade de quem viu e viveu as entranhas da política do Rio Grande do Sul e do Brasil das últimas duas décadas a partir da sociedade, e expondo sem rodeios sua participação em cada passagem, Giuliani cita nomes, aponta erros – seus e dos outros – propõe caminhos, faz pesadas críticas a ex-companheiros e desfralda “improváveis” elogios a adversários.
É fácil falar dos políticos de longe. Mas como fica evidente neste Não somos tão bacanas assim: uma conversa sobre a política que preferimos calar, bem mais difícil é fazer isso sendo um deles. Não há a salvaguarda do distanciamento, dos fatos expostos sem intenção (e as conseqüências) de opinar sobre eles. Ao contrário: sempre que provocado por Machado, Giuliani é categórico, mordaz, provocativo.