Nascimento e morte da dona de casa

Nascimento e morte da dona de casa Paola Masino


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Nascimento e morte da dona de casa





Sujeita à censura antes da primeira publicação em 1945, esta história traz uma crítica ao fascismo e à rígida noção de feminilidade que ele promoveu. Das páginas dessa pequena joia da literatura italiana, vibram questionamentos sobre maternidade, trabalho doméstico e o autoritarismo contido em macro e microrrelações, sempre com acentos humorísticos, surrealistas e o instinto rebelde de Paola Masino. Demolidor, bem-humorado, amargo. E muito atual. Saindo de seu amado baú cheio de migalhas de pão, livros e enfeites funerários esfarrapados, a protagonista é uma menina sem nome, rosto ou endereço, ciente de seu destino: conformar-se às expectativas burguesas em relação à mulher, ter a imaginação selvagem controlada, e a inteligência, ocultada. Em suma, ser dona de casa. Temendo matar a mãe de desgosto por sua recusa a se enquadrar, concorda em se comportar como uma jovem "normal" e tornar-se desejável ao universo masculino. Em um caótico baile, celebra sua entrada na sociedade e começa uma nova vida no casamento com um tio mais velho, rico e de hábitos aristocráticos. Como num conto de fadas às avessas, em que o fantástico e o surreal se infiltram nas malhas de um território geográfico e humano dominado por regras, repressão e controle de corpos e mentes, sobretudo os das mulheres, a Dona de Casa encontra no devaneio e nas reflexões mordazes as únicas vias para escapar da realidade que se impõe e sobreviver a esse embate. Embora fique nítida a abordagem da luta da mulher para desempenhar papéis que não correspondem a seus desejos, e com isso todo um questionamento da maternidade e do trabalho doméstico invisibilizado, não foge ao olhar da autora o contexto histórico da Itália no auge da ditadura de Mussollini. Desafiando interpretações, a Dona de Casa de Masino continua sendo uma figura enigmática e desconfortável, cuja determinação insolente para desafiar os baluartes dos papéis femininos tradicionais ultrapassa os limites históricos e ressoa poderosamente entre os leitores contemporâneos.

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on 1/10/21


"Não se completem no homem, tenham vergonha, resistam à solidão: que nosso único trabalho seja voltar atrás e dar as costas para Adão..." Que desafiador esse livro. Bastante confuso em muitos momentos, nunca se sabe quando é sonho ou realidade. Cheio de ironia e umas sacadas maravilhosas. Apesar de bastante pesado e muitas vezes sombrio, me identifiquei com o peso que ela carregou da obrigação da menina se transformar em uma 'dona de casa', sendo então esse papel bem demarcado pelo mac... leia mais

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João gregorio
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20/05/2021 11:12:31

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