Divanize Carbonieri apresenta, em Nave Alienígena, o lado B da condição humana. Estes contos podem inicialmente parecer apenas histórias de uma escritora que tem o domínio da narrativa e do tempo psicológico. Mas há ainda mais.
Em "O trançado", por exemplo, no vai e vem da mente de um ladrão e assassino, que coloca os desejos sexuais acima do seu ofício, evidencia-se o sinistro que existe no que chamamos de macho, alfa ou não. Com linguagem diferenciada, Carbonieri dá vazão a personas masculinas complexas para transmutar a imagem que o homem faz de si próprio. É uma visão fria e assertiva do mundo falocrático, que empurra a sujeira para baixo do tapete, inclusive imbuindo-se de poderes divinos, como em "Rosa ascensionada", que fecha esta pequena obra-prima.
- Mara Maganã, jornalista e escritora.
Contos / Literatura Brasileira