Ninguém

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A quem se pode recorrer quando o mundo estiver à beira do inverno nuclear? A Ninguém!
Melhor dizendo, ao agente Ninguém, a serviço da inteligência britânica. Foi com esse sugestivo
codinome (Nadie, no original) que a dupla Carlos Trillo e Alberto Breccia nomeou sua série de espionagem, publicada originalmente entre 1976 e 1978 na revista argentina Tit-Bits.

Na trama, criada no auge da fundamentada neurose atômica causada pela Guerra Fria, Ninguém, é muitas vezes o último obstáculo à hecatombe nuclear. Temos ainda, na mesma época, a possível ascensão do poderio da China, que entre 1966 e 1976 vivenciou a sua Revolução Cultural, contra os chamados “quatro velhos” (velha cultura, velhos hábitos, velhos costumes e velhas ideias) com jovens formando a Guarda Vermelha sob o comando de Mao Tsé-Tung. Todo esse clima pode ser sentido nas páginas de Ninguém.

Ainda que seja um agente britânico, assim como seu “colega” James Bond, Ninguém não tem glamour, não tem curiosos aparatos tecnológicos à sua disposição e não está rodeado de belas femme fatales. Um “herói” marcado por um passado trágico como a letra de um tango. Para cumprir suas missões, conta apenas com seus punhos, sua inteligência e alguns poucos aliados. Mas sabe que é um peão descartável nos jogos de poder. E, aqui, fazemos uma provocação: não seria Ninguém o agente secreto do terceiro mundo? Como haveria de ser o gênero literário de espionagem se a grande potência ocidental dos pós-guerras fosse.... a Argentina?

E, quando se fala dessa dupla criativa, Trillo/ A. Breccia, é impossível não firmá-la no panteão
das maiores parcerias dos quadrinhos mundiais. Inclusive, o multipremiado Carlos Trillo recebeu
em 1978 – ano de encerramento de Ninguém (publicado na Itália como Agente Nessuno) – os
prêmios Yellow Kid e Gran Guinigi, como Melhor Autor Internacional. Alberto Breccia, por sua vez, é inquestionavelmente um dos mais influentes ilustradores de histórias em quadrinhos de todos os tempos. Outra lenda, Frank Miller, certa vez afirmou que a história das histórias em quadrinhos estava dividida entre antes e depois de Alberto Breccia. Tal importância foi reconhecida em 2021 com a inclusão de seu nome no Hall da Fama do Eisner Awards. Ninguém é uma obra única em seu portifólio e um dos pontos altos em sua carreira. Breccia enche os olhos do leitor com um lindíssimo e super detalhado traço clássico, pontuado com alguns vislumbres das experimentações que marcam várias de suas obras. Uma verdadeira masterclass de narrativa e expressividade em alucinantes cenas de ação.

Aventura / HQ, comics, mangá

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Resenhas para Ninguém (2)

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Alguém se lembra?
on 7/12/22


Embora estejamos falando de dois mestres dos quadrinhos que possuem um repertório vasto de obras de sucesso, talvez não seja um mero acaso que Ninguém seja uma obra mais obscura e um tanto esquecida. Por mais que a republicação deste compilado estivesse sob entraves jurídicos, creio que esta obra não figure entre as mais interessantes dos autores. Em Ninguém acompanhamos um detetive pouco carismático que resolve uma série de casos independentes em 12 páginas cada. Embora o modelo de h... leia mais

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Isaias.dd
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Isaias.dd
editou em:
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