O Alquimista

"— A minha angústia não é precisamente o que se entende por sofrimento. Repito-te que não me pesa a dor em si; preocupa-me a ignorância geral das suas causas. Nessa ignorância, os homens, ao mesmo tempo que as pagam, contraem novas dívidas. Eu anseio levar a libertação aos homens; fazer penetrar em mim esse «Algo» que me chama... Por uma ou duas vezes alcancei intuí-lo, mas logo desapareceu.
Os olhos da menina, que tinha apenas quinze ou dezasseis anos de idade, ficaram húmidos, cheios de estranhos fogos azuis. Pouco depois, despediu-se de Pablo Simón, penetrando nos subterrâneos, mas ele ficou de pé junto a um portal destruído, mergulhador indómito do mar do mistério. (…) O jovem filósofo estava entusiasmado e todos os dias só vivia aguardando as visitas do enigmático homem (...). Seria ele o Mestre esperado? Daria ele os últimos retoques à Iniciação que estava ao seu alcance? Aproximar-se-ia assim da libertação? Via todo o seu futuro em névoa, sob o signo misterioso da incógnita."

Jorge Angel Livraga transmite-nos, com mestria e uma simplicidade que causa fascínio, a aventura espiritual de Pablo Simón, um jovem químico que, em pleno século XVI, entra em contacto com a tradição esotérica tanto no Ocidente (num período em que a Luz do Renascimento era turbada pela violência da Inquisição) como no Oriente, através de uma misteriosa viagem onde fica a conhecer o grande segredo que envolveu a vida do cientista, filósofo e hermetista Giordano Bruno.