Em Março de 1992 um homem entra na embaixada inglesa de um país do Báltico e pede para se encontrar com alguém com "autoridade". Segundo o seu próprio relato, trazia uma típica mala com uma síntese da Rússia dentro: comida para a viagem, salsichas, pão e..segredos.
Este livro baseia-se no acesso sem precedentes e sem restrições a um dos mais secretos e mais rigorosamente guardados arquivos do mundo do ramo da informação no estrangeiro do KGB, a Primeira Direção Principal (PDP). Até aqui, o atual serviço russo de informações no estrangeiro, o SVR (Slujba Vnechnei Razvedki), esteve supremamente confiante em que um livro como este não pudesse ser escrito. Quando a revista alemã Focus informou em Dezembro de 1996 que um antigo funcionário do KGB tinha desertado para Inglaterra com os nomes de centenas de espiões russos, Tatiana Samolis, porta-voz do SVR, ridicularizou instantaneamente toda a história, classificando-a como absoluto disparate: "Centenas de pessoas! Isso é impossível!" Declarou. "Qualquer desertor podia obter o nome de um, dois, talvez três agentes, mas não de centenas!"
Os fatos, porém, são de longe ainda mais sensacionais do que a história classificada como impossível pelo SVR. O desertor do KGB tinha trazido consigo para a Grã-Bretanha pormenores não sobre algumas centenas, mas sim sobre milhares de agentes soviéticos e funcionários do serviço de informações em todos os pontos do globo, alguns deles clandestinos a viver sob forte cobertura, disfarçados de cidadãos estrangeiros. Ninguém que tenha espiado a favor da União Soviética em qualquer período entre a Revolução de Outubro e as vésperas da era de Gorbachev pode confiar agora em que os seus segredos estejam seguros.
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