Crimes de assassinato sempre despertam a curiosidade pela torpeza, motivações e características que envolvem os fatos e as investigações. Muitas vezes, chamam a atenção os procedimentos minuciosos ou as circunstâncias inesperadas que os envolvem. O assassinato como obra de arte total foi organizado e traduzido pelo estudioso de literatura Alcebiades Diniz Miguel, reunindo narrativas brilhantes de alguns casos. Em seu Posfácio, o tradutor discute esse tipo de evento, seus fetiches e a arte de contá-los com arte.
Dividida em duas partes, a primeira, A teoria, traz os três famosos ensaios de Thomas De Quincey sobre os crimes da Ratcliff Highway em Londres, Do assassinato como uma das belas-artes, que tanto influenciaram outros escritores, principalmente Edgar Allan Poe, menos pela ironia e mais pela análise fria, detetivesca mesmo, da cena e do modus operandi do perpetrador. Na segunda parte, A prática, um conto de José Fernández Bremón (Um crime científico), outro de Guillaume Apollinaire (O marinheiro de Amsterdã) e a série de artigos de Robert Desnos (Jack, o Estripador) mostram como a semente lançada por De Quincey germinou, dando origem a diferentes frutos.
Que o leitor prove desses frutos sem se preocupar, pois não se trata aqui de lutar com monstros, ou se deixar seduzir por eles, mas do ato mais inegavelmente humano: buscar sentido nas coisas, mesmo em uma carnificina, transformando a informação fria e a especulação sensacionalista dos jornais em arte literária.
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