Este livro, definido pelo autor como um “folhetim erótico”, é também um pequeno compêndio: de verve e bom humor. Humor negro, deve-se dizer, já que nos traz as aventuras e desventuras de George Mohamed Lester de Cortez, um protagonista de triste figura e, a começar pelo título, pior sorte. Um homem que, distraído e desastrado, tropeça na vida imerso em seus sonhos lúbricos. Ou, como escreve Luiz Carlos Miele no prefácio, um “anti-herói que fracassa tantas vezes”.
Paulo Pinho, cujo estilo foi definido por um crítico como “castiço-carioca”, tem uma escritura leve e ágil, repleta de tiradas sarcásticas, observações irônicas e engraçadas. E, à maneira de um Machado pós-tudo, parece se divertir intrometendo-se na narrativa, como se fosse um estranho a dar palpites e sugestões.
O Azarão, por sua forma inteligente, deverá agradar a todos os que buscam na leitura tornar mais leves as amarguras, tristezas e desencantos que formam o nosso universo