É oportuno chamar a atrençãop da crítica e dos estuddiosos da " Teoria da Literatura" para a linguagem do livro que ora comentamos.Trata- se de algo novo, produzido por alguém que, por amor á beleza da forma, que brou as amarras, destruiu fundamentos de um mundo pragmático e associadores do belo com a função, onde a única forma escrita admitida é a sintética ou a estritamente informal, assemelhada á linguagem falada.
Daí não sabemos como catalogá - lo quando passeia pelas sinuosidades íntimas dos seus personagens ou quando uma paisagem.Ás vezes parece-nos parnasiano; outras, numa torrente em todas as direções, sememlha-nos um condoreiro, e até em figuras que aparentemente excrescem ao longo da narração lembra-nos Alain Robbe - Grillet.Enfandonha, todavia, a atividade acadêmica de colocar etiquetas em peças de arte.Cumpre- nos senti - las, não defini-las.
É indispensável é que se ressalte que " O Baú da Serpente " contém mensagem de otimismo de quem acredita no ser humano.Os personagens são fiéis e verdadeiros: crêem na vida, lutam por ela, tentam projetá-la além da morte do corpo físico.As amizades são sólidas, o interesse do monge Bruno pelo desempenho da sua missão de pastor é maior que todos os obstáculos que se lhe antepõem.
E graças ao mesmo monge Bruno, á sua atuação firme, apesar da mescla de suavidade amorável, o mistério se desfaz e os personagens se diluem num grande " finale luminoso por onde resvalará a imaginação do leitor rumo á dimensão do sonho.
Geraldo Falcão
Ficção / Literatura Brasileira / Romance