Embora de alguns anos para cá se tenha generalizado a utilização dos jornais como fonte documental sobre a História republicana do Brasil, faltava ainda um estudo que focalizasse os próprios jornais, especialmente os grandes, como elementos atuantes no processo político global. E é isso que fazem Maria Helena Capelato e Maria Lígia Prado em O Bravo Matutino: a partir da análise dos editoriais do jornal O Estado de S. Paulo levantam um panorama da ideologia liberal no Brasil durante o período de transição da Primeira República para o corporativismo da Revolução de 1930, cuja influência até hoje está presente no processo político brasileiro. Além desse estudo, o livro traz, em apêndice, um ensaio de Barbara Weinstein, da Vanderbilt University, "Impressões da elite sobre os movimentos da classe operária ? A cobertura da greve em O Estado de S, Paulo (1902-1917)", cuja finalidade é examinar a cobertura propriamente dita das greves, para determinar a sensibilidade do jornal com relação a esse tema. O Bravo Matutino, como trabalho pioneiro na Ciência Social brasileira é dedicado àquele público estudioso dos processos sócio-poh'ticos nacionais e, segundo Paulo Sérgio Pinheiro, o prefaciador da obra, sua leitura servirá "para a melhor compreensão da evolução das posições em que o grande matutino (O ESP) hoje se coloca diante dos problemas de conjuntura".