As ruas da cidade de Sevilha na Espanha do final do século XVI, receberam, pelo menos, dois grandes personagens: Alonso de Quesada e Miguel de Cervantes. O segundo ficou mundialmente famoso por Dom Quixote, sua obra universal, e até hoje é louvado como primeiro romancista espanhol. Do primeiro, pouco se sabia até a narração deste O Comedido Fidalgo, título que remete a ele próprio, o senhor Quesada. A verdade é que os passos desses dois senhores parecem se sobrepor. Onde um pisou o outro pisará, e vice-versa. Salvo que os passos têm suas características particulares. Seja qual for a razão, o caminho pelo submundo da cidade é o mesmo que o grande escritor percorreu. Os malandros com quem convive, os magistrados tragicômicos, os mendigos, as bruxas e até as adivinhas fazem parte da vida de Quesada tanto quanto fizeram da de Cervantes. A confusão biográfica é tamanha que entre uma peripécia e outra começa-se a questionar se quem está contando essa história não seria o grande escritor ou, melhor, se o chamado Alonso na verdade não atenderia pelo nome de Miguel. Afinal, não é de se estranhar que o senhor Quesada deixe a prisão para escrever um romance?