Um dos livros mais emblemáticos da literatura brasileira, leitura obrigatória em vários vestibulares do país, completa 130 anos e ganha uma edição como você nunca viu.
O CORTIÇO ANOTADO — EDIÇÃO COMEMORATIVA DE 130 ANOS tem um projeto editorial inédito, que inclui:
Capa dura e caderno de fotos coloridas;
Nomeação de capítulos e divisão de cenas;
Mais de 1.000 notas;
Cartografia literária;
Integração inovadora com a web;
Livro digital grátis;
Acesso a uma comunidade exclusiva de leitores;
e muito mais…
O ROMANCE
Considerado a obra-prima de Aluísio Azevedo, O Cortiço foi lançado originalmente no dia 13 de maio de 1890, no Rio de Janeiro. Seu enredo gira em torno de uma das chagas sociais típicas da vida carioca dos fins do século passado: a habitação coletiva. A promiscuidade, a falta de travas morais, a sedução amolecedora do caráter que o ambiente exerce, tudo isso acaba por engolfar quantos se acercam do cortiço, seja o português Jerônimo, pleno de força física e moral ao chegar da terra, seja a pobre e ingênua Pombinha, arrastada à prostituição.
De seu ponto de vista, os determinismos raciais, hereditários, genéticos e fisiológicos deveriam interagir, nesse ambiente tropical brasileiro, para resultar numa sociedade nova, síntese das sociedades do velho e do novo mundo. O “trabalho de campo” levou Aluísio a frequentar casas de pensão, botequins, cabarés e cortiços, disfarçado de operário para não chamar a atenção. Sozinho ou em companhia de seus amigos, o jornalista Pardal Mallet e o pintor e escritor Émile Rouède, ele juntou uma enorme documentação sociológica.
Na trama, a habitação promíscua, com os seus moradores bestializados pela exaltação do sexo e cinicamente explorados em sua inexperiência, serve de sombrio pano de fundo para a ascensão econômica e social do lusitano João Romão, em concorrência com patrício Miranda, ambicioso e matreiro. Com isso, dois pólos dramáticos se formam: um, representado pelo sobrado e a tasca do Romão, simbolizando o progresso financeiro e social; outro, representado pelo cortiço, refúgio de marginais e derrotados.
O diálogo por vezes trágico entre os dois pólos constitui o fulcro da obra. Os problemas, os atritos, as situações são oriundos do sexo e do dinheiro, e ao fascínio desse binômio todos cedem, indiferentemente. O dramatismo ininterrupto da primeira à última página, tipico do grande romancista jogando à vontade com massas humanas, culmina com um ato extremo, um desfecho que se constitui em um franco libelo contra discriminação racial e a exploração do homem pelo homem. O Cortiço é sem dúvida uma das obras-primas da ficção brasileira de todos os tempos.
Literatura Brasileira / Romance