O crime da rua Cuba - as mortes do advogado Jorge Toufic Bouchabki e de sua mulher, a professora Maria Cecília Delmanto Bouchabki, na véspera do Natal de 1988 -, mais do que mobilizar a polícia, a imprensa e o público, acabou por se transformar em uma verdadeira novela policial, com todos os ingredientes que o gênero exige.
Afinal, decorrido quase um ano, o caso parece ainda longe de ser elucidado completamente, permanecendo como um mistério encoberto por sombras intrincadas e confusas. E o fato de a arma que provocou a morte do casal não ter sido encontrada até hoje é apenas mais um dos detalhes enigmáticos do crime.Assim, era de se esperar que alguém se propusesse a contar essa história em livro. E é isso que faz o jornalista e escritor Percival de Souza em O crime da rua Cuba.
Embora faça uso de um recurso ficcional - dispensável, diga-se de passagem - para recuperar os detalhes do crime, Percival de Souza habilidosamente evita assumir o comando da história como escritor, optando por mapeá-la como repórter. Isso faz com que o livro não se afaste um milímetro da realidade dos fatos. Seu trabalho é oferecer subsídios e, como não poderia deixar de ser, ele evita a conclusão, ou seja, o julgamento do único acusado: o filho mais velho do casal morto. Mas é engano imaginar que o autor se ocupa unicamente em recuperar cronologicamente os detalhes do caso - mesmo porque eles foram exaustivamente publicados pela imprensa e isso iria conferir um indissimulável sabor redundante ao livro.