Num momento em que a Psicanálise sofre numerosa críticas, sendo atacada e vilipendiada pelas neurociências e psicologia da cognição que lhe negam não só qualquer validade epistemológica, mas toda eficácia prática, parece urgente procuramos entender novamente sua mensagem original. Não podendo ser considerada um 'espiritualismo', um saber misterioso ou oculto, a Psicanálise defende um humanismo que se apresenta como a primeira grande exigência da subjetivação do pensamento. Apoiando-se no que diz o Sujeito, abre-o ao campo de seu Desejo, sem identificar o simbólico ao religioso. O projeto de Freud de conferir à teoria do inconsciente um estatuto de cientificidade sempre esteve vinculado a uma representação filosófica respeitosa da falibilidade humana, privilegiando a ética ao enciclopedismo e jamais considerando o Eu um escravo do Inconsciente, um produto causal que reduziria ao estado de objeto. Possuidor de liberdade, não é um prisioneiro do mundo, embora nele esteja só e perdido.