O livro pode ser considerado como uma parábola dos tempos atuais onde as pessoas estão constantemente conectadas distantes do local onde se encontram, falando com pessoas que não estão presentes. Ou seja, parecem sempre estar onde não querem estar, pretendendo ser quem não são, de tal forma que no final acabam não sabendo mais quem são na realidade nem onde estão.
O autor, em seu primeiro romance, joga no ar a pergunta: “A história relatada não passa de fantasia, mas quanto dela poderia ser verdadeira e quanto não?”. Usando como pano de fundo o mundo mágico dos ciganos o autor leva o leitor a mergulhar no universo dos sonhos, das imprevisibilidades e tudo o mais que compõe a imponderabilidade e as incertezas da vida.
No realismo fantástico tudo pode acontecer e nele fica difícil distinguir ficção de realidade; aquilo que é ou que pode ser ou que parece ser realidade. Vivemos num duelo constante entre contrários: estamos aqui, mas queremos estar acolá; vivemos no hoje, pensando no ontem e no amanhã. No nosso dia a dia nos defrontamos com situações onde incertezas estão entre os extremos da realidade e dos sonhos. O livro oferece ao leitor um embate entre o rigor do formalismo e a despretensão da informalidade. A história relatada não passa de fantasia, mas, quanto dela poderia ser verdadeira e quanto não? Um é mesmo gajão? Outro é mesmo cigano? O que é realidade e o que é apenas nossa interpretação dela; onde está a fronteira entre elas?
Ficção / Literatura Brasileira