O Gaúcho Martín Fierro

O Gaúcho Martín Fierro José Hernández


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O Gaúcho Martín Fierro #Único


E a volta de Martín Fierro




Edição bilíngue do poema argentino com tradução de Ciro

Poeta, pintor, boêmio, jornalista e crítico literário, Ciro Correia França nasceu em Ponta Grossa em 1944 e morreu em Curitiba em 2011. Os últimos quatro anos de sua vida foram dedicados à tarefa de traduzir o poema O Gaucho Martín Fierro, depois de ganhar um exemplar original de presente.

"Foi o último amor do meu pai. Este lançamento é a melhor homenagem que podemos fazer para ele", afirma Isabela França, uma de suas filhas.

Pesquisador meticuloso, França virava as noites trabalhando na tradução do poema, na tentativa de dar a seu Martín Fierro uma "certa ginga brasileira". Ainda que não tenha visto a obra pronta, França deixou instruções claras sobre a edição do livro.

"Ele escolheu o papel, a fonte da impressão, o tamanho da edição. A única coisa que ele não pôde escolher foi a capa. Mas acho que conseguimos deixar como ele queria", diz Isabela.

Se os gregos tiveram a Ílíada para forjar a sua mitologia e os franceses a Canção de Rolando como o texto formador de sua identidade nacional, no sul do continente americano há O Gaucho Martín Fierro. Considerado "livro sagrado" na Argentina e com grande influência na cultura da região Sul do Brasil, o poema popular é o canto criador da mitologia dos homens bravios do pampa.

Escrito pelo poeta José Hernández no século 19, o texto acaba de ganhar uma cuidadosa edição bilíngue traduzida pelo poeta curitibano Ciro Correia França (1944-2011). O livro será lançado hoje e amanhã em Curitiba, em dois eventos no Teatro do Paiol que incluem uma leitura pública do texto e a exposição de parte das ilustrações que compõem o rico projeto gráfico da obra, concebido pelo designer gráfico e ilustrador da Gazeta do Povo Osvalter Urbinati.

Uma das poucas traduções do poema no Brasil, o trabalho demorou quatro anos para ser concluído e foi o último projeto do intelectual curitibano (leia mais ao lado). "Traduzir um clássico é um ato de coragem, no que se incluem ousadia e risco. E se o livro é um épico onde o erudito e o popular estão ligados como unha e carne, essa tradução pode ser considerada ainda mais atrevida", avalia o escritor e crítico literário Mário Hélio Gomes, autor do texto de apresentação do livro.

História de um homem do povo que se rebela contra a arbitrariedade do Estado, o poema mescla aspectos líricos e políticos para fazer uma ode máscula à liberdade.

Em um famoso ensaio sobre o livro, o escritor argentino Jorge Luis Borges (1889-1996) disse que o maior valor do texto "está na entonação e na respiração dos versos; na inocência que rememora pobres e perdidas felicidades, e na coragem que não ignora que o homem nasceu para sofrer".

Escrito em estrofes de seis versos, com a métrica própria da payada (a poesia declamada de improviso, conhecida como trova no Sul do Brasil), o texto não respeita a forma culta do espanhol, mas sim, imita a prosódia do linguajar dos camponeses gaúchos.

Decretado nos anos 1970 como "patrimônio nacional", o poema ainda hoje objeto de estudo. Em 1953, mereceu um ensaio inspirado de Jorge Luis Borges, que o considerava o "texto fundador da mitologia da identidade nacional argentina rural".

Suas quase 400 estrofes narram em rima a vida do gaúcho argentino que perde sua liberdade ao ser convocado à força para servir no exército. Confrontado com a arbitrariedade da burocracia militar, Martín Fierro deserta e acaba se tornando um fora da lei errante.

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