Em o Grande Líder", o autor narra "de maneira completa" o que foi a imoralidade no meio político, antes da Revolução de 31 de Março de 1964. E ele também não poupa o meio literário, as academias de letras Alta Sociedade. A obra é sarcástica, perversa,
impiedosa, e evoca a existência de um canalha semi-analfabeto que se torna sucessivamente vereador, deputado federal, governadordo Paraná, e acaba candidato à Presidência da República, adorado pelo povo e virtualmente eleito.
Alguns que já leram os originais do livro acham que este, no fundo, é uma apologia da Revolução de 31 de Março de 1964, uma
"justificativa do movimento redentor que salvou o país da bagunça, da subversão comunista e da República Sindicalista que Jango
Goulart queria implantar. " E também julgam que "O Grande Líder" é "um libelo contra o regime representativo, uma obra que prova a falência das Assembléias Legislativas e a profunda e lastimável ignorância do nosso povo, um povo que infelizmente ainda não está preparado para viver num regime democrático.
O principal personagem, isto e, "o grande líder", assemelha-se extraordinariamente à figura de um politico corrupto, desonesto, cassado pela Revolução de 31 de Março de 1964. Mas Fernando Jorge alega que o dito personagem "é apenas um símbolo, o sím-
bolo do homem publico execrável, imoral e farisaico " E acrescenta:
"Enxertei em "O Grande Líder" todos os vícios e defeitos dos nossos políticos tradicionais. De cada um peguei uma coisa: dêste a demagogia, daquele a desfacatez e a alma de larápio. E assim, desse modo, Piranha da Fonseca Albuquerque é a síntese de todos os nefastos homens públicos que antes da Revolução levaram o país ao caos, à desordem generalizada."
Outra informação: neste livro, autêntica obra prima do moderno romance brasileiro, Fernando Jorge se mostra cruel e implacável
com os seguintes escritores: José Américo, Rubem Braga, Josué Montello, Alvaro Lins. Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, Henrique
Pongetti, Eduardo Portella, R. Magalhães Junior, Otto Maria Carpeaux, Märto da Silva Brito, Adolfo Casais Monteiro, João Cabral
de Mello Neto e Carlos Drummond de Andrade.
Literatura Brasileira / Política