O livro conta a história de uma neta que tenta compreender e desvendar o mistério de seu idoso avô. Ele sabe a hora exata em que vai morrer. Para a jovem, isso é algo extremamente revelador e fascinante. Durante todo o tempo, a narração se aproxima da visão da protagonista, encantada com esse senhor, dotado de uma espécie de sabedoria ancestral. “Quem já ouviu falar de uma história dessas nos dias de hoje e que era tão comum há cem anos? Não é nenhuma coisa mágica, do outro mundo”, diz a escritora. Para ela, este é, sim, uma percepção maior, que provém da comunicação do indivíduo consigo mesmo. “Talvez seja isso que desperte na neta esse encantamento: entender o mistério desse avô, que nada mais é do que um homem que está em contato íntimo com a sua própria natureza”, enfatiza Adelice. No texto, ela mescla referências culturais e afetivas de sua cidade natal (Castro Alves, no interior da Bahia) a historias que ouviu do avô e do pai. Mas explica que o livro não é memorialista: é como se fosse um brinquedo, como um jogo de cartas, onde todas as lembranças e invenções estão misturadas. “Este livro é isso: uma forma de dançar, de brincar”, define a autora, que buscou impregnar a obra de uma atmosfera de juventude.