O imperialismo e o facismo no cinema

O imperialismo e o facismo no cinema Eduardo Geada

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O imperialismo e o facismo no cinema





Não é, pois, propósito deste livro discutir as chamadas obras-primas da história do cinema, nem sequer traçar alguns pontos obrigatórios do itinerário dos mestres da realização, cada vez mais ensopados em biofilmografias anedóticas, mas pormenorizadas, que procuram reservar um lugar condigno à sétima arte nos arquivos da cultura oficial.
Na verdade, falar-se-á aqui muito pouco de cinema, no sentido ontológico em que
Bazin se interrogava sobre «o que é o cinema ?», e ainda menos de filmes, essas obras esotéricas, cujo sentido oculto a crítica e os iniciados teriam por missão revelar aos seus leitores e discípulos.
Em poucas palavras, experimentou-se descentrar o cinema do terreno das formas artísticas — como se estas pairassem milagrosamente acima das convulsões do processo social — para colocar algumas questões inerentes à natureza política do cinema como instituição e à natureza mercantil do filme no sistema capitalista.
Oscilando permanentemente entre dois pólos — o económico e o ideológico —
o cinema tornou-se um instrumento duplamente eficaz nas mãos da
burguesia monopolista, como fonte de lucro e como aparelho de difusão da ideologia dominante.
Nesta perspectiva, esquematizei, na primeira parte, algumas das características fundamentais da instituição cinematográfica norte-americana, berço do cinema industrial narrativo, dominante nos países e nos mercados de todo o mundo, e tentei,
na segunda parte, lançar as bases para uma análise da dominação económica e
ideológica do imperialismo cinematográfico em Portugal, durante o Estado Novo. De passagem, toquei em diversos tópicos que dizem directamente respeito à evolução e à actual situação do cinema português.
Finalmente, no último capítulo, falo um pouco do que foram as atribulações da
actividade cinematográfica entre nós, depois do 25 de Abril. Tendo participado nos acontecimentos, limito-me a enunciar uma posição pessoal que por certo irá dividir as opiniões daqueles que, durante o período revolucionário, lutaram por opções políticas divergentes e até antagónicas. Mas esta é outra história de que a História
se encarregará.

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Lílian
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04/08/2014 20:24:20

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