“(…) Estávamos sentados numa sepultura dilapidada do Século XVII, no final de uma tarde de outono, no velho cemitério de Arkham, especulando sobre o inominável. Fitando o salgueunnamable_by_sbkmulletman-d3r7ppriro gigante do cemitério cujo tronco havia quase engolfado uma lápide antiga e ilegível, fiz uma observação macabra sobre os nutrientes espectrais e indizíveis que as raízes colossais deviam estar sugando daquela terra sepulcral e antiga, e meu amigo me repreendeu por semelhante asneira dizendo-me que, como ninguém fora sepultado ali havia mais de um século, não devia existir nada para nutrir a árvore que fosse diferente dos meios naturais. Ademais, acrescentou, minhas conversas constantes sobre coisas “inomináveis” e “indizíveis” eram um recurso muito pueril, muito condizente com a minha condição de escritor menor. Eu gostava de arrematar minhas histórias com sons ou suspiros que paralisavam as faculdades de meus heróis, tirando-lhes coragem, palavras ou associações de idéias para relatar o que haviam passado. Só conhecemos as coisas, dizia ele, por meio dos cinco sentidos ou de nossas intuições religiosas, razão por que era impossível referir-se a qualquer objeto ou aspecto que não pudesse ser claramente descrito pelas definições sólidas dos fatos ou pelas doutrinas apropriadas da teologia (…)”
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