O lado desconhecido da Fortaleza de Santa Cruz (RJ)

À margem da História é que nos deparamos com pequenos detalhes quase apagados pelo tempo e dispersos na longa estrada do passado. A descoberta desses pequenos e instigantes detalhes é privilégio exclusivo dos pesquisadores e historiadores que se empolgam ao abordarem fatos e personagens ligados à História, cujo valor só eles detectam. Muitas vezes desviam-se do ponto central das pesquisas para se concentrarem em pormenores aparentemente insignificantes, relegados a segundo plano, mas que para eles são muito especiais. Quando bem identificados e bem trabalhados, tornam-se subsídios valiosos para histórias da História (como aconteceu com “La Salle, o Fugitivo da Fortaleza de Santa Cruz, RJ”), sem perder contudo sua autenticidade, ao distanciarem-se cuidadosamente da frieza e insipidez dos documentários.
No caso em questão, sempre enfocando uma época remota da misteriosa Fortaleza de Santa Cruz, RJ, veio à tona o nome de vários prisioneiros – mercenários alemães – que lá cumpriam severas penas por diversas transgressões militares, mas, com a complacência do Imperador D. Pedro II, alguns eram perdoados.
Entra em cena também a sangrenta Guerra de Canudos 1896/ 1897, ainda que de passagem (neste caso), ao se constatar a ida de seus artilheiros para o alto sertão baiano, já que naqueles idos a FSC era uma das mais bem equipadas, tanto em efetivos como em armamentos. Daí em diante o pesquisador envolve-se em pequenos dramas pessoais (dentre muitos) que valem como pequenas e comoventes mensagens, sem deturpar a verdade e sem partidarismo. A Guerra de Canudos, meio escondida na História-Pátria, quanto mais se lê, mais se nota a falta de uma peça num sangrento quebra-cabeças.
Mas, deixando de lado a lógica militar, a lógica fanático-religiosa, voltamos aos detalhes que são inesgotáveis. Pedimos licença à História para, depois de 100 anos, nos rendermos a um drama quase esquecido, de lágrimas, sangue e barbárie, indiretamente ligado a essa fortaleza.