Partindo do mote de revelar os detalhes sórdidos secretos de cada um, Rafael Primot reúne em "O Livros dos Monstros Guardados" onze contos interligados, onze monólogos nos quais cada personagem tem seu próprio universo e estilo, que se completam como em um caleidoscópio, formando um romance perturbador. Assim, Madá, a voluntária de um centro de ajuda a suicidas que se descobre uma justiceira serial killer, o executivo sadomasoquista Mestre Eme, o perverso poliformo Demiurgo Come-Gato, o abjeto e polivalente Pudim que tem dentro de si uma tênia intelectual que lê Proust, entre outros personagens marcantes, vão construindo um realismo mágico, angustiante e hilário, que une o erotismo escachado dos quadrinhos adultos a um experimentalismo sofisticado.
Embora inédito, e não concebido inicialmente para o palco, este texto serviu como ponto de partida para um espetáculo teatral dirigido por Zé Henrique de Paula, em 2009, o que valeu a Rafael Primot os prêmios Shell e CPT de melhor autor de teatro. Como diz Santiago Nazarian no prefácio desse livro, são "páginas que ficarão guardadas como ferro em brasa em nossa memória".