O pensamento escatológico nas cartas aos tessalonicenses

As duas epístolas aos Tessalonicenses foram provavelmente os primeiros documentos do Novo Testamento lidos e colecionados pela igreja. São, portanto, os mais antigos documentos cristãos que chegaram até nós. Elas contêm uma imagem viva dos primeiros dias da igreja primitiva, com destaque para a preocupação com os acontecimentos dos últimos dias. Por isso, não existem outras epístolas mais escatológicas do que essas no Novo Testamento. Elas são tão importantes para a compreensão do pensamento cristão sobre “os últimos dias” quanto o livro do Apocalipse. Na verdade elas foram os primeiros documentos cristãos a tratar sobre essa matéria. Há nelas seções importantes sobre escatologia. Por exemplo, na primeira epístola nas seções: 4.13-18; 5.1-11 percebemos o desenvolvimento da escatologia individual; já na segunda carta na seção 2.1-12 o autor se concentra na escatologia cósmica. Nas duas seções da primeira carta os destinatários são descritos como que sofrendo nas palavras de Elian Cuvillier, de uma “crise da esperança”; e na perícope de 2.1-12 da segunda carta eles são apresentados como que em uma “crise entusiasta”. Essa alteração de humor tinha a ver com a dificuldade dos tessalonicenses com certos temas da escatologia. Por isso, boa parte do ensino que receberam nas duas epístolas tinha como objetivo auxiliá-los nessa matéria. Mas acontece que essa instrução foi apresentada com tanta discrição que não é possível saber o que o autor queria dizer quando empregou determinadas palavras. No entanto, pareceu evidente que seu objetivo foi confortar e não apenas predizer. Assim, neste livro o leitor aprenderá que o propósito de algumas passagens bíblicas que abordam temas escatológicos, não é tão somente o de fazer previsões sobre os últimos dias, mas, sobretudo confortar.

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