O Roseiral de Inácio

A história de Inácio é belíssima, pois é a história de um homem de idade avançada que, através de um relacionamento de afeto com uma menina e um "homem simplório" (Anita e Biba), especialmente com a primeira, reencontra o prazer e a felicidade nas coisas simples do dia-a-dia, no sorriso, no favor sem espera de retribuição, acabando, por fim, construindo uma família, quando já não se julgava capaz de fazê-lo.
O leitor é envolvido totalmente pela felicidade delicada dos personagens com quem criou grande empatia. Daí, vem a surpresa (aspecto muito bom na literatura: textos que surpreendem são ótimos): uma rasteira que o traz de volta à realidade como ela geralmente é: doentia, sofrida, fria e cruel.
Ao se deparar com a doença mental de "Inácio", o leitor, em princípio, fica com um gosto amargo na boca. No entanto, essa decepção pode se diluir em algumas reflexões possíveis: Qual é, na verdade, a importância do que conhecemos como "realidade"? Será menos válida a felicidade de uma pessoa que não vive de acordo com o que consideramos real e normal?
LUCIA FACCO - Escritora

Ficção