Ao desafiar a política cultural da ex-República Democrática Alemã - que impunha o realismo socialista enquanto norma estética - Heiner Müller se destaca entre os escritores que, a partir dos anos 70, abrem caminho para a recepção da modernidade na Europa Oriental. Apontando a proibição de posições contrárias como distorção da teoria marxista, Müller deriva sua obra tanto da tradição canonizada quanto da apócrifa, criando assim uma tradição própria que se abre ao pós-modernismo.
Ruth Röhl, ao analisar a intertextualidade da fase 'moderna' de Müller (em Macbeth - segundo Shakespeare - e Hamletmaschine) e, em seguida, o processo de 'desconstrução' - segundo Derrida - presente em 'O achatador de salários' e 'A missão', que o situa assim no pós-modernismo, estabelece uma discussão em um campo ainda pouco desenvolvido no Brasil; o da pós-modernidade enquanto estágio contemporâneo da modernidade. Desta forma, 'O teatro de Heiner Müller' acompanha e elucida as últimas tendências do teatro mundial, constituindo uma contribuição de grande valia tanto em estética teatral quanto em análise literária.