O Teatro & Eu

O Teatro & Eu Sergio Britto


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O Teatro & Eu


Memórias





Na gênese de Sergio Britto, já surge a amálgama que compõe, deliciosamente, seus itinerários pela dramaturgia. Em O TEATRO & EU, lançamento da Tinta Negra Bazar Editorial, o artista traça uma retrospectiva minuciosa de sua vivência nas diversas esferas do teatro, da TV e do cinema nacional. Enquanto isso, deixa entrever, de maneira sutil, a personalidade do homem por detrás dos personagens.

Dotado de memória prodigiosa, o ator resgata a sua estreia nos palcos, quando ainda cursava a faculdade de medicina. Narra a criação e os bastidores dos grupos e espaços teatrais mais importantes do país — como o Teatro Universitário, o Teatro de Arena, o Teatro dos Doze, o Teatro Maria Della Costa, o Teatro dos Sete, o Teatro Senac, o Teatro dos Quatro, o Teatro Delfim, além dos teatros do CCBB. Relembra os tempos de teleteatro e a posterior experiência como ator e diretor de novelas. Revela segredos de coxia. E ainda traz à tona os principais desafios que atravessaram sua carreira, como os problemas de audição e com a voz, os entreveros com a ditadura militar e os obstáculos financeiros impostos por situações como o corte de verbas do governo Collor.

Sergio Britto descreve, em detalhes, episódios íntimos de sua vida nunca antes sob holofotes. Alguns bastante intensos, como a tentativa de suicídio na juventude, a descoberta da sexualidade e a relação por vezes sufocante que travava com a mãe. Outros, recortes pitorescos de tempos distintos, pontuados por sua verve de espectador voraz e pelo flerte constante com outras manifestações de arte, como o cinema, a literatura, os museus, as óperas.

Nas páginas de O TEATRO & EU habitam personagens reais sob ângulos inusitados. Um Vinicius de Moraes que, ainda reconhecido mais como diplomata do que como poeta, desencoraja Britto a escrever versos e o incentiva a investir na sétima arte. Um Jô Soares adolescente — “apenas gordinho” —, frequentador de uma churrascaria na rua Siqueira Campos. Um Paulo Francis incompreendido. Um Joãozinho Trinta que trabalha como contrarregra do Theatro Municipal. Ao rememorar sua trajetória, Britto também recorda o impacto da convivência com estrelas de diferentes gerações. De Dulcina de Moraes a Regina Casé, ele tece, de forma descontraída, os pontos de ligação no espaço celeste da dramaturgia brasileira.

Dono de um texto saboroso, sem papas na língua, o ator convida os leitores a um passeio memorável pela história do teatro nacional, repleto de opiniões e comentários argutos. Mas faz, sobretudo, uma jornada rumo ao contemporâneo. O TEATRO & EU é a demonstração mais sincera de que, do alto dos seus 86 anos, Sergio Britto não para de se redescobrir. E com isso, também não cessa de se surpreender, e de nos surpreender, com as possibilidades de sua arte.

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Sylvia
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21/10/2010 21:53:52

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