O cinema tendo se apoderado do imaginário do espectador, satisfazendo a seu desejo de identificação, qual seria, então, o lugar do teatro na cena contemporânea? Segundo o autor deste livro, um tema que vem se propondo cada vez mais ao exame crítico moderno é o do estatuto do teatro no contexto globalizado e tecnocentrado da contemporaneidade. Trata-se de responder à questão - O Teatro é Necessário? Para tanto Denis Guénoun acompanha, ao longo da história do teatro, a formação e as modificações do conceito de identificação com o personagem, tanto por parte do ator quanto do espectador. Na Antiguidade, a mimese não supunha a identificação, que se esboça a partir da releitura renascentista da Poética de Aristóteles e encontra seu ápice no naturalismo do fim do século XIX. Diderot, Stanislávski e Brecht são tomados como marcos na discussão sobre a ilusão no teatro, redirecionada com o surgimento do cinema que, ao se apoderar do imaginário do espectador, satisfazendo a seu desejo de identificação, segundo o autor, torna ainda mais evidente a vocação do teatro para o jogo, para o fazer compartilhado entre atores e espectadores, capaz de articular de modo produtivo a estética, a ética e a política.