O contraste entre as contradições de produção e a natureza dos produtos acabados não é fenômeno recente. Desde o século XVI, a colonização ibérica estabeleceu sistemas de produção destinados a fabricar mercadorias de tipo europeu com a mão-de-obra local. Essa situação, na verdade banal e pouco surpreendente, aparece sob uma luz distinta se considerarmos do ponto de vista da mestiçagem. Com efeito, não só esta situação nos incita a refletir sobre as relações entre mestiçagem e a colonização, mas também sobre os nexos que podem existir entre mescla das culturas e a uniformização dos consumos. Esta reflexão nos obriga a cruzar abordagens, utilizando, por um lado, a História Econômica e Social para estudar a evolução das formas de trabalho e de produção; e por outro lado, a Antropologia para explorar tanto as origens étnicas dos trabalhadores quanto os mecanismos de mescla que operaram na própria esfera.