Esta obra, profunda e densa, consiste num monólogo que descreve os últimos pensamentos de um jovem indivíduo preso e condenado à morte por um crime que nunca é referido, enquanto aguarda pela sua execução pública pormeio da guilhotina na Praça de Grève. Ela constitui, directa ou indirectamente, nas palavras do próprio autor no prefácio à 2.ª edição (1832), um manifesto a favor da abolição da pena de morte (que apenas será legalmente abolida em França em 1983), isto é, por aquilo que «ainda ontem era considerado utopia, teoria, sonho, loucura, poesia». Este escrito teve repercussões em todo o mundo e contribuiu, nomeadamente, para que Portugal fosse o primeiro país europeu a abolir das suas leis a pena de morte ainda durante o século XIX. Acontecimento este com o qual Victor Hugo se congratulou exclamando, em 1876, «felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo à Europa (…). A Europa imitará Portugal. Morte à Morte! Guerra à Guerra! Viva a Vida! Ódio ao Ódio! A liberdade é uma imensa cidade da qual todos somos concidadãos».
Literatura Estrangeira / Ficção / Romance