Herman Melville será sempre conhecido como o autor de Moby Dick. E merecidamente. A odisseia de Ahab e sua improvável tripulação, com seus tons bíblicos, gregos, teosofistas, é provavelmente a última obra a partilhar inequivocamente do estatuto e da estatura do épico clássico, na estrada que nos levaria ao século XX e à demolição, relativização, ou reforma daquele ideal.
Imerecidamente, no entanto, na medida em que a reputação inquestionável de Moby Dick tem servido também para ocultar o restante de uma obra que guarda surpresas interessantíssimas.
Se a produção de Melville parece ainda ter tanto a dizer aos leitores de hoje, e tanto de novo a oferecer, esse bônus para os leitores brasileiros transforma essa leitura quase em uma obrigação. E é essa valiosa oportunidade que esta edição vem oferecer.