O conceito de Caminho é encontrado no centro de toda criação cultural e espiritual no Japão, como um fio condutor das várias facetas da arte em suas múltiplas manifestações. O Caminho é, ainda, a tradição de uma arte. Sem ele, não haveria uma trajetória a ser seguida.
Entre os vários Caminhos que existem no Japão - o Caminho das Flores, o Caminho da Poesia, o Caminho da Pintura - o Caminho do Chá, por inspirar e conter elementos de todos os outros Caminhos, ocupa uma posição especial e atrai mais discípulos do que qualquer outra arte japonesa.
Depois de transpor os muros dos mosteiros e dos templos, depois de abandonar a corte imperial e de ultrapassar as barreiras de classes, o chá passou a representar não apenas o domínio artístico e artesanal na sua preparação e no modo de bebê-lo, mas uma determinada postura diante da vida.
Este livro é um convite para acompanhar a trajetória do chá a partir de sua condição de mera bebida medicinal e estimulante até se tornar o centro de um tipo de reunião social que transcende os limites das leis da cortesia e da hospitalidade.
Além de analisar os aspectos históricos e sociais do Caminho do Chá, o autor se detém numa das etapas mais importantes de sua trajetória: aquela em que os Caminhos do Chá e do Zen se cruzam nos mosteiros budistas, interligando-se de uma forma tão perfeita ao ponto de se poder afirmar que, quando um homem descobre em si uma tendência interior que o liga ao Caminho do Chá, e passa a encará-la com seriedade, ele já preencheu o objetivo intrínseco do Caminho Zen.