Ocaso

Ocaso Marina Kon


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Ocaso





O arco-íris de Marina Kon

Logo de saída, a autora avisa: escrever é se expor e falar dos próprios medos. Escrever é também se revelar, abrir-se para a vida em toda a sua potência. Nessa empreitada, talvez não exista aventura maior que narrar a descoberta do amor, impulso de toda a existência. E é justamente esta a proposta de Marina Kon na escrita de Ocaso: expor em detalhes, passo a passo; falar do encontro com o amor, da descoberta na juventude desse sentimento já cantado por tantos poetas em todos os tempos e lugares, mas sempre inédito em cada vida, em cada pessoa. Entre um mundo claro e outro escuro, a narrativa conta a história de uma adolescente que se vê entre o medo da experiência e o desejo crescente e arrebatador de conhecer o amor. Eros ilumina toda a narrativa que desvela a vida para a própria narradora-personagem e seduz o leitor.

Entre os onze capítulos da obra, o enredo privilegia a rapidez dos diálogos e daintrospecção psicológica em relações metafóricas da linguagem. O amor aparece não só no desejo da protagonista pelo Desconhecido, como também pela curiosidade e vontade de conhecer as histórias de vida dos outros personagens da trama: o Colecionador de Pedras; a Conhecedora de Árvores; o Garoto que Inventava Histórias; o Outro Velho; a Mulher das Flores, e tantas outras novas e diversas criaturas de nomes inusitados, de um mundo conhecido, automatizado e naturalizado, que se revelam espantosa e admiravelmente aos olhos da Garota do Vento.

Neste jogo entre o claro e o escuro, entre o conhecido e o desconhecido, o que se coloca em primeiro plano por meio da escrita de Marina é a sedução da própria palavra, localizada entre aquilo que não se oferece nem se mostra totalmente às claras e aquilo que não se esconde de todo, não se furta completamente à visão. O jogo da sedução entre o que não é e o que pode ser; aquilo que se insinua na penumbra e captura o olhar do leitor. Nesse ponto, os títulos dos capítulos funcionam como sinalizadores da trama: entre a passagem do tempo, dos dias; entre a aurora e o ocaso, as etapas da descoberta da vida e de suas relações se dão como a transformação da natureza, como o ciclo infindável da vida e do amor ao acaso, singularidade que lhe é tão própria, essência mesmo desse sentimento avesso a fórmulas, definições e prisões.

Na escrita de Marina Kon, cada palavra, parágrafo e capítulo ganham em acúmulo brilho, intensidade e cor. No embate amoroso entre o claro e o escuro, não é meio termo na junção complementar das cores – cinza opaco – que se destaca, mas sim a possibilidade e variações de cores que o encontro com o outro sugere. Na paleta de Marina, o amor surge em muitas cores, tons que despertam a atenção do leitor para o detalhe, para o inusitado. Um arco-íris de palavras.

Kaio Carmona

Outono de 2019

Contos / Literatura Brasileira

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WillerJones
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23/04/2020 23:59:00

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