Os dias dos Turbin

Os dias dos Turbin Mikhail Bulgakov


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Os dias dos Turbin


peça em quatro atos




Mikhail Bulgákov (1891-1940) foi um dos grandes escritores satíricos do século XX e, como tal, poderia ter sido incluído no rol dos exilados ou mortos pelo ditador Josef Stálin - uma vez que eram o regime e as doutrinas da União Soviética seu alvo principal. Bulgákov pagou caro por isso, e não chegou a ver nenhum de seus títulos mais célebres publicado em vida - entre eles seu romance mais conhecido, O mestre e a Margarida. Contudo, pôde viver uma vida relativamente protegida no cenário do terror stalinista, e isso por ter, quase inexplicavelmente, caído nas graças do tirano. No centro dessa situação singular está a peça teatral Os dias dos Turbin, que foi traduzida diretamente do russo por Irineu Franco Perpetuo, autor também do prefácio.

O ucraniano Bulgákov nunca foi favorável ao regime comunista, tendo servido no Exército Branco contra os revolucionários de 1917. Os eventos da Guerra Civil pós-revolução (1918-1920) em Os dias dos Turbin são referidos do ponto de vista de uma família burguesa e antibolchevique de Kíev, a capital da Ucrânia, onde se digladiavam os exércitos comunista e anticomunista, e os nacionalistas ucranianos disputavam o poder interno, com interferência militar alemã. A família da peça tem várias semelhanças com a do próprio Bulgákov (Turbin era o sobrenome de sua avó materna).

Os dias dos Turbin se baseia no primeiro romance de Bulgákov, A Guarda Branca, que havia sido publicado parcialmente numa revista e só viria a sair na íntegra após a morte do escritor. Depois de sucessivas interferências de agentes do regime soviético no texto da peça, além de uma “batida” durante a qual foram confiscados originais de seu apartamento e um interrogatório em que Bulgákov foi franco quanto à sua condição de simpatizante das forças contrarrevolucionárias, a peça – que teve ensaios supervisionados pelo lendário encenador Konstantin Stanislávski – estreou em outubro de 1926 no Teatro de Arte de Moscou, com grande sucesso. Até 1941, o espetáculo foi apresentado 987 vezes. Stálin, entusiasmado, teria estado presente a dezesseis récitas, algumas vezes incógnito.

Tentativas de banir a montagem de Os dias dos Turbin sob o argumento de ser antissoviética foram rejeitadas pelo próprio ditador, que defendia a ideia de que a peça provava que o bolchevismo era "invencível", embora os bolcheviques sequer sejam referidos no texto e seu aparecimento ao som da Internacional tenha sido imposto ao autor. Mais tarde, em 1930, cansado de ser repetidamente impedido de publicar, Bulgákov pediu para emigrar, e de novo Stálin interferiu em seu favor – conta-se que o ditador telefonou para o escritor pessoalmente – e lhe ofereceu um emprego no Teatro de Arte de Moscou.

Drama / Literatura Estrangeira

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Resenhas para Os dias dos Turbin (3)

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Muito divertido
on 28/5/21


Com esta peça claramente anti-comunista, Bulgákov conquistou Stálin - que teve uma interpretação positiva da obra, acreditando que mostrava a força dos bolcheviques - mostrando os últimos meses de uma família burguesa à véspera da chegada dos bolcheviques. A obra é divertida e seu texto ágil, o que torna a leitura muito agradável e rápida. Recomendo a todos.... leia mais

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Fernando
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14/06/2023 14:47:25

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