Mais de um século após os trabalhos de Charcot, a idéia continua parecendo subversiva - os homens são, com mais freqüência do que reconhecemos, histéricos.
Estes homens histéricos, estes errantes, os que fingem ser perversos ou que pretendem que o sexo não os interessa, estes homens que sofrem de impotência, de frigidez do sentimento ou de ejaculação precoce, que temem eles encontrar numa mulher?
Através dos grandes textos fundadores de nosso imaginário contemporâneo (a Bíblia, Shakespeare, Cervantes, mas também Alfred Jarry, Albert Cohen, etc), pelo estudo das metamorfoses de Dom Juan, Jean-Pierre Winter desenha com atenção benevolente os contornos de um homem histérico perpetuamente instável, decepcionante, sempre alhures e sempre à espera.
Se as mulheres histéricas parecem submeter-se ao sacerdote ou ao médico, os homens histéricos, quanto a si, encontram seus mestres nos corpos constituídos: político, judiciário, econômico... O que, imaginamos, nem sempre os protege da decepção.
Primeiro ensaio sobre um verdadeiro tabu, OS ERRANTES DA CARNE, notadamente a partir das análises de Espinosa, Charcot, Freud e Lacan, permite compreender os motivos de um verdadeiro impensado teórico sempre em ação no seio da comunidade psicanalítica. O que é escondido, o que é calado, o que não se deve nem dizer, nem mesmo evocar é a impotência. Por isso é que o ensaio de Jean-Pierre Winter é a um só tempo novo e rigorosamente iconoclasta.
Psicologia