Os Maias é um dos grandes clássicos da literatura portuguesa. Apesar de sua ação central se situar na segunda metade do Século XIX, o escritor recorre a numerosas retrospectivas na narrativa, que enquadram a história de três gerações. Por meio do romance incestuoso de Carlos da Maia e Maria Eduarda, Eça de Queiroz traça um retrato mordaz de Portugal no século XIX, ainda que centrado na visão das classes mais abastadas da sociedade. Vêem-se, assim, no grande quadro social anatomizado pelo Realismo de Eça de Queirós: o clero e a sua influência danosa ao pensamento e modo de vida portugueses; as moléstias sociais das média e alta burguesia lisboetas, com seus inúmeros e desastrosos casos de adultério; os ambientes literários e políticos, sua corrupção e tacanhice intelectual. Se é fato que a ironia é um dos grandes trunfos para a grandeza da escrita queirosiana, em Os Maias ela serve como potencializadora da tarefa trágica e também tão irônica do Destino. Talvez isso explique, em parte, a força de um romance, que, mais de um século depois de sua primeira publicação, é ainda capaz de atrair tantos leitores e de criar tamanho interesse.
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance