Os Sonhos é um texto satírico do início ao fim, é um modelo de sátira contundente e mordaz. Aliás, Quevedo é considerado um mestre inigualável, entre os autores espanhóis, nesse gênero literário. Mais que simples sátira impiedosa, Os Sonhos é uma crítica direta contra a sociedade espanhola do século XVII, envolvendo todos os seus aspectos, isto é, vida social, costumes, vivência religiosa, trabalho, atitudes, comportamentos, posicionamento diante da vida em si e da vida em sociedade. Com seu pessimismo marcante, o autor tece uma crítica feroz contra a hipocrisia transparente que lhe parecia ser uma tônica da sociedade de sua época.
Este, bem como todos os outros escritos de Quevedo não perdoavam ninguém; eram dirigidos contra indivíduos e instituições, contra abusos, vícios e fraudes que, segundo ele, infestavam toda a sociedade e toda a atividade humana. Em nada complacente, sua mordacidade era destilada como veneno que amedrontava a todos, mesmo aqueles que se empenharam para que ele fosse perseguido, preso e desterrado.