Tempo e espaço são os eixos por onde se movem os corpos humanos – ou parte deles. Em uma narrativa onde a descontinuidade dá o tom, palavras como perda, erro e fraqueza fazem um coro bizarro – e fascinante – com a busca secular pela conservação de órgãos e cadáveres, incluindo práticas como a plastinação de corpos em diferentes épocas.
Ao ler este livro tropeçamos em acontecimentos dos quais é impossível sair ileso. De Kunick, o homem que se perde da mulher e do filho numa ilha croata durante as férias, a Annushka, que desiste de tudo para vagar pelas estações do metrô de Moscou, passando pelo anatomista holandês Frederik Ruysch e sua técnica de conservação de órgãos com brandy, a autora constrói um labirinto em que correspondências e reflexos apontam para uma lógica, ainda que débil, capaz de encarar o absurdo.
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance