Ouro de Moscou

Ouro de Moscou Roger Rocha


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Ouro de Moscou





Outubro de 1973. Com a queda de Salvador Allende, o Kremlin suspende uma contribuição de três milhões de dólares à esquerda chilena e desvia esses recursos para o Brasil. Mas o dinheiro só será entregue a uma pessoa: Nara, uma garota de São Paulo, novata no organograma da subversão, escolhida por ser pouco visada e, até então, insuspeita. Essa é a informação que Frank Venkman, um espião americano de segunda classe, recebe em Berlim. Deixando de lado qualquer escrúpulo, ele assume a missão de cruzar o oceano, encontrar a tal garota e colocar a mão na grana.
A jornada abarca retalhos de memórias, depoimentos, cartas e documentos entrelaçados por uma multiplicidade de vozes. Cúmplice de uma atrocidade desde a primeira página, o leitor já não pode se retirar. Assume o papel de investigador ou testemunha, mas não consegue prever o desdobramento do roteiro, como o próprio Frank relata: “eu interferia em uma partitura que ignorava e não tinha como conhecer de antemão porque estava sendo concebida na velocidade das minhas ações, pronta para se arruinar na duração de uma semifusa”. As peças desse quebra-cabeça são recolhidas a cada passo, capítulo por capítulo, fronteira por fronteira.
Em seu primeiro romance, Roger Rocha se revela um exímio articulador de ritmos e temporalidades. No contexto de uma América Latina assolada por golpes militares e da disputa entre EUA e URSS, o texto transita, com destreza entre dimensões literárias e históricas, pelas brechas de ironia entre uma trama de espionagem maltrapilha e uma comédia romântica duvidosa.
A narrativa, que enreda com seus deslocamentos no tempo e no espaço, opera como uma justaposição de mapas sem atalhos possíveis, sem rotas de fuga, que não assumem a linearidade de seus traços. E se o leitor tem um mapa a desvendar, o tesouro não está predeterminado.
Para Frank, o verdadeiro Ouro de Moscou se esconde na persistência do tempo. E no caminho de volta a uma casa que nunca foi sua. Sobre isso, ele mesmo diz: “Como devia ser bom saber seu lugar no mundo.”

Literatura Brasileira

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