Para que filosofia? Nesta pergunta reside a própria essência da atividade filosófica, fundamentada no livre exercício da reflexão, e não na exigência de qualquer tipo de prática utilitária. Ao contrário de um "negócio" - aquilo que nega o valor do ócio -, a filosofia não pressupõe uma finalidade imediatista. Ela é a própria prática do pensamento que pode se servir de todos os conhecimentos e se debruçar sobre todos os assuntos, inclusive sobre sua própria condição de existência, fornecendo elementos para uma incessante reinvenção conceitual. Filosofia não é somente amor ao saber, como diz a etimologia da palavra, mas principalmente o cultivo do hábito de questionar, de refletir sobre o mundo e sobre si mesmo: o pensamento sem objetivo pré-definido, sempre pronto a pôr em xeque tudo o que foi estabelecido até então e encontrar novas maneiras de compreender a realidade.
Este livro encara de frente esta que é a questão-chave de toda iniciação à filosofia, atualizando-a e contextualizando-a de acordo com os principais pensadores de nossa tradição filosófica. Através destes contos, estrategicamente selecionados de cada uma de suas obras seminais, podemos entender a maneira como cada filósofo concebeu a tarefa da filosofia, propondo interpretações que se colocam no lugar de respostas à questão-título, mas também nos colocam diante dos principais problemas do pensamento sobre o ser e o mundo ao longo da história do pensamento ocidental. Seja no campo da física, da meta-física, da ética, da estética, seja no da lógica, ou da política, é a filosofia que se encarrega de analisar as questões fundamentais e é ela que nos ensina a pensar com propriedade e de forma livre de preconceitos.