Assinando o texto de orelha, o escritor Jorge Ialanji Filholini descreve assim a obra: “Para que serve a poesia? parte da compreensão do mundo e provoca o imaginário da atual condição humana. Recortes do cotidiano que só a observação de Clarice pode transitar.
Há sutileza em seus versos. Porém, são os questionamentos inseridos durante a leitura que se manifestam: “você já imaginou/ ter um filho/ de madrugada?”; “que horas nascem/ os filhos que moram na rua?” ou “em quanto tempo/ eu lavo o tempo?”. Clarice tem o domínio admirável da palavra. A forma de desenvolver os versos é intensa, com notável identificação nos poemas confessionais de Ana Cristina César: “meu corpo/ esse saco de pele/ cheio de sangue/ pulsante/ esse saco de pelo/ cheio de veia/ gritante/ o que me segura/ é um esqueleto/ que eu nunca vi”; e linguagens experimentais de Ana Martins Marques: “impossível/ contar quantos quandos cabem em cada/ enquanto. quantos entantos cabem em um/ encanto. quantos cantos falam de qualquer canto”.
Poemas, poesias